terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Discussão Final do Processo Paisagens Românticas

Macário: Tem-se me contado muito bonitas histórias. Dizem na minha terra que à noite as moças procuram os mancebos que lhes batem à porta e na rua os puxam pelo capote. Deve ser delicioso! Quanto a mim quadra-me esta vida excelentemente; nem mais nem menos que um sultão escolherei entre as belezas vagabundas a mais bela. Aplicarei contudo o ecletismo ao amor. Hoje uma, manhã outra: experimentarei todas as taças. A mais doce embriaguez é a que resulta das mistura dos vinhos.

Satã: A única que tu ganharás será nojenta. Aquelas mulheres são repulsivas. O rosto é macio, os olhos lânguidos, o seio morno... Mas o corpo é imundo. Têm uma lepra que oculta no sorriso. Bofarinheiras de infâmia dão em troco do gozo o veneno da sífilis. Antes amar uma lazarenta.

Durante o processo anterior as questões que o texto “Macário” nos trazia redimensionaram-se na mesma medida que o sentido da trajetória. As coordenadas que dão o tom na nossa experiência – o ponto de partida, a Zona Leste, o lugar aonde se chega, o Centro – vão se transformando para reconfigurarem-se noutro espaço, aproximando os pontos dessa trajetória, criando entre eles uma intersecção, um terceiro lugar que não é centro e não é periferia. Rompe-se em alguma medida com o ponto de partida, aproxima-se em alguma medida de um outro universo, todavia, esse quadro não configura adesão a nenhuma das partes. A experiência forja um novo olhar, redimensiona o ponto de vista.

Estamos na cidade. Dentro desta, as rotas da nossa afetividade expandem-se, ramificam-se. Nosso ponto de partida é repensado. O verbo é investigar. O objeto é o cerne da nossa origem, a Zona Leste.

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