Levanta de manhã e põe a cara na janela,
olhando a paisagem do lugar em que cresceu.
Pensa num tempo que já aconteceu.
Olha a igreja evangélica e o boteco do Rubão.
Puta que pariu! O ponto é no outro quarteirão!
Com o bilhete único no meio do busão,
mais um código de barras integrando a multidão.
Duas horas já passaram e ele está no Paraíso,
se confunde entre patys, boys, executivos,
tipos alternativos, são todos ostensivos.
Vai pra uma festinha no Itaim Bibi:
música legal, um vinho do bom,
o lugar não é dele, nem é dele a geração
Existe também uma questão de classe,
então disfarce,
seja discreto,
2006 na selva de concreto.
Então dois mundos se chocam em frente ao rapaz
e no choque ele percebe, voltar não dá mais.
Não sabe o que fazer, não sabe o que dizer,
não sabe como agir, pois é, não tem como fugir.
E na busca dessa tal dignidade,
liberdade, igualdade, fraternidade,
o rapaz foi consumido pela cidade.
O pacto foi feito, não tem jeito.
Agora é segurar esta angústia dentro do peito.
Enquanto nessa busca não encontra o refrão,
vai caminhando, cantando e seguindo a canção.
[música resultado do Processo Macário, autoria de Danilo Minharro.]
Ao término do processo anterior - Paisagens Românticas -, questões e inquietações surgiram como resultado mesmo da pesquisa que enunciou o trajeto pela cidade e o olhar do grupo sobre este trajeto. Um dos pontos desse olhar é a origem dos próprios integrantes do grupo, sugerindo questões como: Quais potencialidades emergiram neste lugar de onde vem o grupo? Como se lida com ela? Qual a relação dela com a cidade? O grupo pretende então aprofundar esta pesquisa, procurando observar e refletir sobre os lugares físicos e afetivos que compõe essa paisagem.
Se anteriormente o grupo trabalhou com a trajetória pela cidade - o caminho para a escola, para o trabalho, para a vila - apresentando a rua de fora dela, uma outra necessidade emerge neste momento: a de se estabelecer uma proximidade ainda mais intensa com a rua, como se, reconhecendo o pacto com a cidade e a impossibilidade de se retornar pelo caminho já percorrido, fosse o momento então de assumir esse contato com a rua e se ir radicalmente em direção a ela.
terça-feira, 16 de janeiro de 2007
E agora pra onde vamos...
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2 comentários:
Boa tarde caro amigo, sou Felipe Mendes trabalhei com vocês na formação do grupo, oficina de dramaturgia com o Zé, oficina do Narradores, Formação do Pauliceía e oficinas com o Wellington Duarte e Cia Estável de Teatro.
Perdi contato pois fui morar no sul, tenho um pouco de contato com a Cris no Acepusp ( curso de técnico em espetáculos) e com o Danilo por telefone.
Primeiramente , fico muito feliz com a evolução do Grupo, dessa mudança de local e os trabalhos apresentados. Acho vocês fantásticos. Sempre fui fã de seus textos, desde de a época em que você era totalmente clown, não desgrudava do personagem.
E com a direção do Zé fica até mais fácil de trabalhar (ou não).
Voltei para sampa e estou na Cia de Teatro Faces Ocultas, apresentamos Pinocchio à brasileira ano passado e começaremos dia 20 o estudo de Julio César e Cleópatra de Shakespeare, para estrearmos em setembro no Teatro Brigadeiro.
Gostaria muito de promover um encontro entre os Grupos para troca de informações, trabalhos , idéias e divulgação também, e se não for muito uma
palestra com o Zé falando um pouco de teatro Elizabethano, porquê fazer Shakespeare realmente é foda.
Gostaria que discutisse a idéia com o Grupo e me mandasse a resposta, pode me ligar no 85624474 ou 61469258, ou mandar e-mail mesmo.
Acho que ambos os grupos terão uma ótima evolução com essa troca de informações e eu aproveito pra matar um pouco a saudade de vocês.
Aguardo resposta.
MUito obrigado.
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